sábado, 23 de maio de 2009

Do livro "O Fim do Mundo de Otto Friedrich - “A Peste Negra – 1347-1350 – Uma vasta e pavorosa solidão”.

O autor evidencia nesse capitulo a devastação proveniente da peste que matou cerca de 85.000 pessoas na Criméia. Segundo o autor, os tártaros responsabilizaram os genoveses pelo desastre, por serem transmissores da doença, no momento em que eram sitiados por eles (os tártaros). Os sintomas eram: bubões, nas virilhas e nas axilas, a febre, os escarros de sangue e, no máximo em uma semana, por vezes, a morte. Tal mortandade chegou à cidade dos genoveses. Khan, um governador tártaro, culpou-os pela peste que assolava seus soldados e, numa atitude de vingança, usou os corpos dos mortos como “balas” nas catapultas, que eram arremessados para dentro da cidade dos genoveses. Desesperados, os sobreviventes remaram pelo mar negro em direção à Constantinopla, levando a peste com eles. Relatos como o do imperador João VI Cantacuzeno foram deixados, mostrando o terrível desastre na região que culminou na morte da maior parte da população costeira do mundo. O autor ainda esboça relatos de que também na região da China de que dizia que treze milhões de pessoas haviam morrido, bem como relatos da Índia dada como despovoada e parte do Oriente Médio, por volta de 1346, ficaram cobertos de cadáveres. Apesar de certa dose de exagero, são considerados relatos factuais. Só por volta de 1894 é que se conseguiu identificar o bacilo da peste. “o homem subitamente derrubado por furúnculos e febre era, simplesmente, um homem derrubado pela vontade de Deus – ou, pior ainda, pela ira divina”. William Langland em Piers Plowman escreveu: “Deus está surdo hoje e não se digna ouvir-nos, /e as preces não têm o poder de a Peste deter”. Comparadamente, os relatos do livro de Gênesis e do Apocalipse eram tomados como precedentes teológicos para os acontecimentos mirabolantes que abalaram aqueles dias. Daí, percebe-se no texto de Oto que muitos fugiam “da ira de Deus” para regiões longínquas como para Messina, onde sua população hospitaleira aos genoveses, foi contagiada pela peste. Contaminados, os habitantes de Messina procuravam os padres para confessar seus pecados, mas nem esses os recebiam. Nas casas os cadáveres jaziam. “Quando a catástrofe atingiu seu clímax, os habitantes de Messina resolveram migrar”, levando a doença para regiões, uns vagando pelos campos, outros para a região de Catânia, que barraram a entrada de viajantes do norte. A súplica dos Messinianos era de que o Arcebispo Gerard Othos emprestasse as relíquias de Sta. Ágata, para que ocorresse a cura da epidemia. Após a recusa dos catanienses em deixar com que as relíquias saíssem da cidade, o arcebispo segue em direção a cidade dos messinianos, onde organiza uma procissão com os sobreviventes, recitando ladainhas em sua caminhada.

A morte estava em toda parte. Desde Veneza e Sicília até Túnis, Barcelona e a costa de Languedoc. Os cronistas narram a morte de 63.000 pessoas em Nápoles e de mais de 100.000 pessoas em Florença. Em Veneza, a baixa chegava a seiscentas por dia. Em Pisa perdeu quatro quintos e Verona, três quartos de seus habitantes. Apesar da contestação dos historiadores modernos quanto a essas cifras, os cronistas “fizeram o melhor que podiam para descrever um desastre de magnitude quase inimaginável”. Concluiu-se que cerca de 30% ou 25 milhões de pessoas morreram numa população de 80 milhões. “As estimativas doutas nas baixas no mundo inteiro são pouco mais do que palpites medievais; talvez 75 milhões de mortos, numa população total que talvez atingisse uns 500 milhões”. As pessoas acreditam ser “o fim do mundo”.

Diante de todos esses acontecimentos, muitos procuraram ter um comportamento de completa devoção em busca da salvação, enquanto que outros tomaram partido para a vida de orgias, ou perambulavam pelas ruas, ou de casa em casa, cometendo todos os tipos de pecados, comportando-se como bem entendiam.

Agora um fato importante chama a atenção do autor. A transferência do governo da igreja católica para a cidade de Avignon, impulsionada pela caótica situação em que se encontrava Roma. Uma cidade dominada por bandos rivais, completamente destruída a sua beleza, além de não oferecer nenhuma oportunidade de comércio, já não fornecia alimentos aos seus cidadãos. Com isso, a cidade de Avignon “cresceu com os burocratas papais e com os suplicantes peregrinos, os agiotas e as prostitutas”. O desrespeito as leis, a falta de saneamento básico para a população de quadriplicou o seu crescimento em relação a despovoada Roma, além das taxas impostas pela igreja como a “annate”, paga pelos cargos clericais, “expectative”, paga por cargos que ainda não estavam vagos, as pequenas taxas conhecidas como servitia communia, a servitia minuta, a visitationes ad limina, além da transmissão de terras e títulos pagas por famílias como a “d’Este”, eram justificadas como contribuição à igreja para a realização de uma nova cruzada para reconquistar a terra santa, a qual nunca aconteceu e todo o dinheiro “chovia em Avignon”. Clemente VI esbanjou em tudo o que os seus predecessores haviam acumulado, desde uma ampliação do palácio papal, até investimentos na caça (sua diversão predileta), na sua biblioteca pessoal, além de praticas sexuais com homens e mulheres jovens em seus aposentos, o que lhe deu como herança uma doença venérea causadora de sua morte. Outro feito de Clemente VI foi a compra da cidade de Avignon, pagando a rainha Joana de Nápoles a quantia de 80 mil florins.

Com a chegada da peste na cidade, além de causar um enorme choque nos europeus, pelo açoite de Deus atingindo com grande ímpeto a cidade do Vigário de Deus, quase duas mil mortes foram registradas só nos primeiros dias e, conforme os escritos de Louis de Beeringen, devastado metade de sua população. A partir daí Clemente toma uma série de medidas, entre elas encontram-se a absolvição plena de todos os que houvessem confessado e morrido pela peste. Outro fato marcante, nesta época, do surgimento da peste foi à atribuição a fenômenos espaciais (aos astros); até sua chegada a cidades era anunciada por eles.

Como a peste era transportada pelas rotas do comércio e pela ida de fiéis católicos a comemoração da festa de São João Batista, quase toda a população da cidade de Briston foi varrida. Mais não para por ai. Quase um milhão e meio de ingleses morreram nos anos de 1348 e 1349, conforme a crônica de Henry Knighton. Devastou a Alemanha. De Pádua e Verona, atravessou o passo de Brenner e, no verão de 1348, chegou aos Alpes da Baviera. Nos cemitérios das igrejas não eram mais permitidos enterrar os mortos. Assim, os corpos eram transportados às centenas para fora das cidades, num lugar chamado de “campo santo”, chegando a colocarem cinco mil cadáveres ali. O surgimento e a aparição de Santos eram constantes; uma que se destacou nesse tempo, foi a Virgem da Peste que chegou a ser vista sobrevoando a cidade em uma chama azul. A confusão era tão grande que muitos “privados de seu juízo, abandonavam a vida e renunciavam voluntariamente a todos os bens terrenos. Levavam seus tesouros para os mosteiros e igrejas, para depositá-los aos pés dos altares. Para os monges o dinheiro não tinha o menor atrativo, pois levava consigo a morte. Eles fecharam os portões, mas as pessoas atiravam dinheiro por cima dos muros dos mosteiros”.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Novidades!

E ai meus amigos!
Em breve estaremos publicando aqui todas as novidades e atualidades concernentes à História. Faremos uma viagem pelos documentários, filmes e livros, refletindo nos mais diversos possíveis momentos e frizando os acontecimentos de cada época e, sempre, indicando um filme, ou documentário, ou livro que trate do assunto.
Espero que sirvamos de inspiração e possamos fornecer grande ajuda para os amantes da história! Um grande abraço!